sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Chris Weitz fala no Set de Lua Nova – Parte 1

Entrevista com Chris Weitz – Part 1

Chris: Quando a Bella encontra o Laurent na clareira, foi uma cena que levou dois dias e, entre esses dois dias nevou e então quando chegamos às 6:00 da manhã e estava nevando, tinha cerca de 10 centímetros de neve. Daí, nós tivemos que bagunçar tudo para inverter a nossa agenda. Tivemos que fazer de tudo um pouco.
Como você lida com a continuidade da iluminação quando você está lidando com situações tão adversas de clima?
Chris: Bem, é claro que o que nós queremos em todos os casos é tempo cinzento. Estamos nesta posição estranha de querer tempo ruim. Nós queremos chuva fraca ou tempo cinza em todos os momentos. Nem sempre conseguimos, por isso, quando o tempo não ajuda, nós usamos telas gigantescas que ficam penduradas em grandes estruturas para bloquear o máximo possível. Mas aí começa uma contínua tortura para Javier, o nosso DP (diretor de fotografia), porque a gente pode meio que sombrear uma área onde os atores estão atuando, mas no plano de fundo nós clareamos – com raios de luz que entram, e é claro, há também o tempo vampiresco. Às vezes, podemos dar um jeito e gravar com um dia de sol em Forks, mas nunca em um dia em que Edward está por perto, porque não queremos abusar do efeito diamante. Então, realmente, você sabe, eu fico tão feliz quando alcançamos um certo estágio na semana onde podemos parar de se preocupar com o tempo.”
Então você transfere para um cenário interno?
Chris: Nós vamos transferir para um cenário interior daqui a uma semana, então só tem mais uma semana para enlouquecer por causa do tempo. Fomos desbancados algumas vezes. Parece que tem tipo uma maldição de leve quanto ao tempo de Twilight. Acabamos não conseguindo o tempo que queremos para um determinado dia. Faz sol no dia que queremos chuva e daí no dia que queremos sol…
Então isso tudo (indicando o cenário da casa da Bella) vai continuar montado?
Chris: Sabe, é engraçado, eu tenho matutado na minha cabeça qual é a melhor coisa a se fazer. Eu imagino que o que eles farão é desmontar a casa. Porque, quer dizer, é linda mas não é muito bem estruturada. Eu não acho que vá suportar o inverno da BC (British Columbia – província do Canadá) e tal. Acho que provavelmente eles irão desmontar e colocar em um estoque e depois construir de novo e, de novo eu acho, que alugar um estoque nessa terra seria o meu melhor palpite.
Então podemos ver que pessoas podem de fato entrar na casa?
Chris: Sim! Bem, o interessante é que vendo de certos ângulos é uma casa perfeita. Mas se for olhar de outros ângulos dá para ver que é só uma casca vazia. Então quando Jacob pula pela janela, o que ele vai fazer uma hora, é suficiente para estarmos do lado de dentro da janela e ver a Bella dar um passo para trás quando ele entra, mas não veríamos pelo ângulo contrário – a janela, para isso recorremos a um cenário interno – mas tenho esperança que quando tudo for para o filme e com a edição vai ficar impecável a junção dos dois. Você nunca notaria esse tipo de coisa, então é um corte bem suave.
Foi intimidante você entrar em um reino de fãs tão intensos?
Chris: Foi, quer dizer, por um lado é, mas por outro lado eu sinto que todos querem que o filme fique bom e todos tem incentivado e apoiado tanto, não tiveram… tudo parece tão positivo para mim – é claro que eu tenho evitado a internet porque não quero ficar tão preso as opiniões. Minha responsabilidade é com o livro, e minha responsabilidade não é com a internet – não interessa o que vocês estão fazendo – eu lido com as mesmas pessoas que vocês mas não quero ficar preso a nenhuma controvérsia que esteja acontecendo online ou a qualquer coisa que as pessoas tinha para falar sobre mim quando eu fui selecionado – eu fiz isso com o A Bússola de Ouro uma vez – e teve uma votação para saber quem eles escolheriam como diretor e um “outro” ganhou de mim – eu não queria estar naquela situação.
Eu acho que foi ótimo quando a imprensa falou sobre como você estava comprometido com o filme e toda essa conversinha de fato morreu bem nesse momento.
Chris: Bem, isso é bom – eu acho ótimo ter esse tipo de público inerente de fãs, e eu sinto que eles são extraordinariamente favoráveis. Eles realmente querem que as coisas saiam boas, e o elenco quer que tudo saia bem – meio que o mesmo tipo de comprometimento para passar a história dos livros direito… e é assim que me sinto.
O que é muito apreciado.
Chris: Isso é bom. É ótimo que teve um primeiro filme que fez tanto sucesso, mas para mim o livro é como a Bíblia para o filme. E assim, quando eu li o livro, li de uma vez para que eu tivesse uma experiência parecida a das pessoas quando leram pela primeira vez. Eu não quis dividi-lo em pedaços imediatamente. Eu queria apenas ler de uma só vez, – depois eu meio que voltei atrás, você sempre tem que escolher quais vão ser os seus momentos – é um livro de 600 páginas, uma hora, você vai decepcionar as pessoas, mas acho que se você olhar pela perspectiva de que a minha lealdade tem que estar com o público dos livros, e com o que eles passaram a mais de experiências, até mesmo mais que os fãs do primeiro filme. Lógico que tem que haver certa coerência do primeiro filme para com o segundo filme. Mas realmente gira em torno dos leitores.
O que você fez para um tom mais sombrio? – Você fez alguma coisa em específico para torná-lo mais sombrio como um filme?
Chris: Sim, eu acho que é importante não ter medo de usar as diferentes tonalidades na atuação e no tom da peça. Não, porque obviamente, com um grande estúdio de cinema e um monte de dinheiro em jogo, se sabe que é normal ter medo do fato que, se você não fizer as pessoas sorrirem e rirem o tempo todo então você pode estar em apuros. Mas acho que parte do apelo desse é que ele realmente vai fundo na melancolia em que as pessoas entram quando elas terminam com alguém: quando perdem alguém, quando elas anseiam por alguém, e não devemos ter disso.E em termos da paleta de cores na qual o mundo é representado, para ser um pouco mais técnico, mas por exemplo, os pretos são muito granulados, existirão sombras profundas, pretos muito profundos, literal e metaforicamente, fazem as cores se destacarem muito mais.Haverá um período durante o filme quando as coisas estão bastante escuras e sombrias, mas então haverá tipo uma explosão de cores quando você chega a Itália. E há esse tipo de êxtase – e há esse tipo de felicidade antes e depois se perde tudo…. e é tipo uma tentativa em todos os sentidos, mesmo em termos de design em diferentes cenários e tal para ter certeza que cada pedacinho, cada detalhe é uma metáfora para localizar o personagem no livro, e você acompanha a jornada de Bella.E também não tiramos o foco do ponto de vista da Bella. O livro é narrado através da Bella. Temos que ter esse equilíbrio muito delicado entre ter Edward demais e pouco Edward. Se tiver Edward demais, será uma coisa terrível, porque você quer que o público experimente a saudades também, e se tiver muito pouco Edward… eu serei caçado e assassinado. Temos basicamente que atingir um bom equilíbrio.
Você já falou com Stephenie Meyer – ela te deu alguma dica?
Chris: Ah sim, falamos o tempo todo. Nós trocamos e-mail o tempo todo. Ela foi visitar o set, e eu fui para o Arizona para passar um tempo com ela. Sim, eu estou repassando o material com ela constantemente, para que a mitologia da série não seja violada. Eu não quero fazer nada impulsivo ou cometer algum erros em termos de coisas que eu apresente, que podem não fazer sentido no universo dela. Você teria que perguntar a ela, eu não quero ter nenhuma pretensão, você teria que perguntar a ela o quanto que ela está satisfeita. Pelo menos o que ela me diz é que ela acha que o filme está muito bonito, e isso não é um crédito meu, isso é mais do Javier Aguirresarobe, o Diretor de Fotografia que faz um trabalho absolutamente lindo. E a idéia é tentar fazer uma reprodução tão elegante e bela do livro quanto possível.
É muito difícil, como uma pessoa criativa, ter sua própria visão do filme e combiná-lo com a visão dela do filme ou a visão dela do livro?
Chris: De certa forma é mais fácil porque você não está trabalhando com uma tela totalmente em branco, eu tenho meio que essas ferramentas para trabalhar e eu herdei esse elenco maravilhoso, e isso é ótimo, e eu estou muito feliz em trabalhar nesse gênero de adaptação literária, que é como eu vejo isto realmente. E eu não acredito na severa teoria, onde o diretor cria tudo sozinho, e eu não acho que seja necessário. Você vai ver só de andar por aqui, que tem umas 100 pessoas que trabalham aqui, e cada uma delas tem boas idéias. E tem um diretor de fotografia que entende de luz melhor do que eu. Tem os câmeras que entendem de foco melhor do que eu e todas essas outras coisas, na verdade eu sou só tipo um guarda de trânsito muito glorificado….
Eu ia dizer maestro…
Chris: Maestro tem sempre a melhor sonoridade… mas eu estou coordenando todos os esforços. Então, não, não me incomoda em nada. Eu na verdade até gosto. Eu tenho um padrão para manter que já está estabelecido. É diferente de se eu escrever alguma coisa só por minha conta, eu nunca realmente acredito minhas próprias criações. Eles parecem personagens inventados para mim. Considerando que Bella, Edward e Jacob já existem e nós apenas tentamos acertar essas coisas com os atores. Então eu não tenho um problema com isso em tudo.
Como foi a transição da sua versão para filme de Catherine Hardwicke?Como foi a transição da sua versão para filme de Catherine Hardwicke? Às vezes, quando trocam os diretores há uma grande mudança. Podemos notar pelo estilo. Que tipo de estilo você traz para este filme?
Chris:Eu acho que a maior mudança seria a de que eu sou um pouco mais antigo. Eu sou antiquado e acho que Catherine é muito moderna e consciente de uma sensibilidade popular. Estou mais ligado aos filmes românticos a moda antiga. Então, podemos dizer, se você for um nerd de cinema, que você iria notar o paladar do filme, o trabalho de câmera. Eu sou muito menos propenso a usar câmeras segurada na mão do que a Catherine Hardwicke é. Coisas como essas, são diferenças muito mais de estilo do que o meu jeito de “pega e joga fora.”Obviamente, eu devo muito a ela, porque ela escolheu esse grande elenco [então] eu meio que herdei esta “caixa de ferramentas” muito legal e esta base de fãs extraordinários.
Teve alguma coisa do primeiro filme que você achou que deveria mudar?
Chris: Não, eu não achei. Acho que as coisas essenciais que deram certo com o primeiro filme foram as relações e os sentimentos dos personagens principais e são as [mesmas] coisas que vão dar certo nesse. Todo o resto é apenas detalhe. Quer dizer, tem muito mais efeitos especiais neste filme, então o fato que eu tinha muita experiência nessa área ajuda. Mas isso não deve parecer tão diferente. Não deve, de repente, ser como se estivéssemos em um filme de ação ou um filme de efeitos visuais. Será errado se parecer assim. Só será certo, se os efeitos visuais transmitem os sentimentos que estão nos livros, em primeiro lugar. O mundo do livro se expande naturalmente, como com os Volturi. Obviamente, eles não estavam no primeiro filme, mas que foi um desenvolvimento natural.
Você tem uma cena favorita que você está ansioso para ver?
Chris: Estou animado com cenas com Taylor e Kristen. Estou animado com o confronto final com Taylor, Kristen e Rob, porque acho que a química é simplesmente fantástica. A maneira que eles se relacionam é simplesmente fantástica. Eles funcionam da maneira que deveriam funcionar. Para que você possa entender exatamente o que deveria. Você consegue entender exatamente porque Bella estaria tentada a, eu acho, “resolver” seria uma boa palavra para Jacob, ou para enfrentar a opção de que realmente há um triângulo amoroso. Isso está realmente ficando estabelecido. Isso é muito bom. Filmamos um monte desse tipo coisa já. Nós ainda não filmamos a parte dos Volturi, mas eu acho que será realmente extraordinário. Eu vi o cenário começar tomar forma e é simplesmente fantástico.

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